Entre os dias 10 e 12 de março, o Teatro da Faculdade de Medicina da USP recebeu cerca de 200 alunos de Medicina para o curso introdutório sobre o Projeto Muiraquitã, que teve aproximadamente mais cem inscritos participando remotamente. A grande maioria dos participantes era composta por alunos da FMUSP, especialmente do 2º ao 4º ano da graduação. Ministrado por nove palestrantes de diferentes especialidades médicas, entre professores da FMUSP e profissionais do Hospital das Clínicas, os encontros tiveram como objetivo apresentar a iniciativa aos interessados em integrar a expedição ao Baixo Tapajós, no Pará.
O Muiraquitã é um projeto de extensão universitária vinculado à disciplina de Emergências Clínicas e coordenado pela Profa. Dra. Ludhmila Hajjar. “Nosso objetivo é levar assistência médica a populações ribeirinhas e indígenas da Amazônia, ao mesmo tempo em que proporcionamos uma experiência de aprendizado única para os alunos, unindo formação humanitária, pesquisa científica e impacto social”, explica a coordenadora. O projeto incentiva estudos na área de Medicina Humanitária e Saúde Global, preparando os estudantes para desafios médicos em cenários de baixa infraestrutura, temas aprofundados pelos palestrantes.
O curso introdutório destacou a importância do Projeto Muiraquitã tanto para a população atendida quanto para a formação dos estudantes da FMUSP. A experiência permitirá aos alunos vivenciarem desafios da prática médica em regiões remotas, além de desenvolverem habilidades técnicas e uma visão mais ampla das desigualdades em saúde no Brasil.
Primeira edição
Em julho, será realizada a primeira expedição do Muiraquitã. Durante vinte dias, os participantes estarão a bordo do barco-hospital Abaré, uma embarcação de quatro andares com infraestrutura completa para atendimento à população, contando com consultórios médicos e odontológicos, laboratório de análises clínicas, farmácia, setor de radiologia e um pequeno centro cirúrgico para procedimentos ambulatoriais. A expectativa é que, nesse período, sejam realizados quatro mil atendimentos, abrangendo diversas especialidades, como Medicina de Emergência, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Psiquiatria, Radiologia e Infectologia. A equipe promoverá, também, ações de educação em saúde e visitas domiciliares.
A viagem também funcionará como uma plataforma de ensino para os acadêmicos de Medicina, que poderão participar de atividades educativas voltadas à população, pesquisa científica, apoio logístico dentro do barco e assistência médica supervisionada por profissionais experientes. Entre os estudos previstos, serão desenvolvidas pesquisas epidemiológicas e de diagnóstico de condições frequentes na população, como síndrome metabólica, sarcopenia e infecções sexualmente transmissíveis.