A história de luta pela democracia de Antônio Carlos Nogueira Cabral e Gelson Reicher foi homenageada na quarta-feira, dia 28 de agosto. A Faculdade de Medicina da USP reuniu a comunidade acadêmica, incluindo antigos e atuais alunos, na cerimônia de entrega da diplomação honorífica aos estudantes que tiveram suas trajetórias de vida e formação interrompidas ao serem perseguidos e mortos pela repressão.
O evento, realizado no teatro da Faculdade, fez parte do projeto Diplomação da Resistência, que concede diplomas aos 33 estudantes da USP vítimas da ditadura no Brasil. A iniciativa institucional surgiu por meio de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e o coletivo Vermelhecer, com o objetivo de reconhecer e reparar as violências sofridas.”.
Militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), ambos foram brutalmente assassinados em 1972. Cabral, que foi presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), e Reicher, diretor do Grupo de Teatro da Medicina (GTM), deixaram um legado de resistência e coragem. Durante a cerimônia, Tânia Cabral, irmã de Antônio Carlos, e Ruth Reicher e Felícia Reicher Madeira, irmãs de Gelson, receberam os diplomas.
Diversos alunos da FMUSP tiveram grande atuação contra o regime militar. A solenidade também exaltou aqueles que sobreviveram ao período. Representando este grupo, Eva Skazufka falou que, além de pessoas de luta, os colegas diplomados eram universitários de destaque e amigos presentes. Em seu discurso, relembrou o momento em que foi presa grávida e, após conseguir a soltura, retornou à FMUSP e completou a graduação. Já o ex-presidente do CAOC, Reinaldo Morano, fez uma fala emocionante, recordando os sete anos que permaneceu detido e a dificuldade encontrada para ter a matrícula deferida e voltar à sonhada liberdade e formação.
“Este evento é mais um passo essencial em nosso caminho de reconciliação e memória, reafirmando nosso compromisso com a verdade e com aqueles que foram injustiçados. Essa diplomação vai além de uma simples cerimônia, é um ato de profundo respeito e honra”, concluiu a diretora da FMUSP, Profa. Dra. Eloisa Bonfá.